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Neste contexto, o programa visa identificar oportunidades de negócios com impacto socioambiental, transformar ideias em protótipos, oferecer capacitação, desenvolver novos modelos de negócio e conscientizar os empreendedores sobre as potencialidades da região.
“É uma área que reúne o potencial financeiro, a riqueza em biodiversidade e recursos naturais. Queremos mostrar que desenvolvimento econômico e conservação da natureza conseguem andar lado a lado, gerando benefícios para o meio ambiente e para a comunidade local. É o chamado ‘negócio de impacto’ que gera resultados financeiros positivos de forma sustentável e ainda protege e valoriza o patrimônio natural”, destaca Guilherme Karam, coordenador de Negócios e Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Confira algumas ideias apresentadas durante o Programa em formato de modelos de negócios.
Artesanato fortalecido com plataforma de comércio virtual
A proposta surgiu da busca de alternativas para gerar renda a comunidades que vivem no entorno de unidades de conservação.
Nessa perspectiva foi criado o Raízes, negócio que visa fortalecer o artesanato local. “Nós queremos potencializar a comercialização do artesanato a base de fibras naturais aqui da região. Por meio de um comércio virtual, queremos alcançar novos mercados, dar mais visibilidade e agregar mais valor para os produtos feitos por moradores do entorno de unidades de conservação”, destaca Fernanda Sezerino, uma das participantes do Programa Natureza Empreendedora.
Além do e-commerce, o projeto vai atuar na capacitação e formalização dos artesãos locais e na construção de novas parcerias para a região.
Estação de reciclagem de plástico
O modelo de negócio surgiu como forma de amenizar o impacto do descarte incorreto de plásticos. Apenas 1,26% das 11 milhões de toneladas de plástico fabricado anualmente no Brasil é reciclado.
A ideia das idealizadoras do negócio socioambiental Mar Limpo é ter um espaço onde empresas e pessoas possam levar o plástico. “Nós auxiliaremos na separação por tipo de material, trituração e transformação em outros produtos, como capinhas de celular, chaveiros, balde e mármore plástico, trazendo uma solução para o aporte de lixo plástico”, afirma Ellen Joana Cunha, uma das integrantes do grupo.
Fruto de palmeira juçara como alternativa de renda
Nativa da Mata Atlântica, a palmeira juçara foi muito explorada durante décadas para a produção de palmito em conserva. Entretanto, a árvore morre ao ser cortada e uma muda leva pelo menos 10 anos para chegar à fase adulta. A derrubada desenfreada da palmeira fez com que ela entrasse na lista de espécies ameaçadas de extinção.
Mas é no fruto da juçara que participantes do Programa Natureza Empreendedora veem uma alternativa para obter lucro, contribuindo para a conservação da espécie. A polpa do fruto da palmeira é transformada em sobremesa com cor, sabor e composição semelhantes ao tradicional açaí amazônico. “Abrimos os olhos para essa riqueza enorme e vamos trabalhar com os frutos da árvore, gerando empregos na região e um impacto ambiental positivo”, afirma Rachel Siviero, uma das idealizadoras do modelo de negócio.
“Encontrar novas formas de gerar renda a partir da planta valoriza a espécie para que os produtores sigam cultivando-a, preservando-a e fortalecendo os ecossistemas onde ela é encontrada”, destaca o coordenador de Negócios e Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, Guilherme Karam. Na retirada da polpa, sobram as sementes, que podem voltar para a mata gerando novas palmeiras.
Microestação sustentável para tratamento de água em áreas agrícolas
Batizado como Saneia, o negócio criado por cinco moradores do litoral paranaense pretende tratar o esgoto na região a fim de otimizar a reutilização da água e ainda devolvê-la limpa aos rios após o uso.
O negócio prevê o desenvolvimento do Sistema Mestre, uma microestação sustentável de tratamento de esgoto, com foco principal no atendimento a pequenos produtores rurais, que são prejudicados pela ausência de uma coleta adequada. O processo é iniciado com o sistema Wetland, no qual plantas fazem a filtragem do esgoto e retiram a matéria orgânica e metais pesados, atuando como um sistema de fitorremediação.
Em seguida, a água passa por um reator de bactérias, capaz de remover 99% dos microrganismos presentes. “Com os dois processos unidos, temos um casal perfeito, com o qual é possível ter água limpa novamente, que pode ser usada na irrigação, reutilizada nas casas ou até descartada no rio sem contaminação”, destaca Maria Alice de Moraes, participante do Programa Natureza Empreendedora.
Cada região onde for instalada a microestação precisará de uma equipe de três pessoas para executar a manutenção, o que também aumenta a oferta de empregos na comunidade.