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Queimadas se intensificam no período de junho a outubro e se tornam preocupação recorrente num dos biomas mais ameaçado do Brasil
Nesta semana (11/09) foi lembrado o Dia do Cerrado – segundo maior bioma da América do Sul – mas poucos são os motivos para comemorar. O período de seca ocorre com intensidade nesta época do ano, entre os meses de junho e outubro, quando os índices de chuvas reduzem tanto que podem chegar a zero. Por conta disso, a baixa umidade do ar, os ventos fortes e o calor provocam uma grande incidência de incêndios nas vegetações – as conhecidas queimadas -, que se alastram e ameaçam a biodiversidade local.
Além da destruição da vegetação, as queimadas ameaçam a população, pelos riscos à saúde e por gerar problemas com infraestrutura, como queda no fornecimento de energia elétrica, perdas em propriedades rurais e visibilidade ruim em rodovias.
Vale ressaltar que não é somente o fogo natural que oferece perigo. “O uso das queimadas na agropecuária é comum na região. Produtores rurais utilizam o fogo como manejo da terra, principalmente na época de seca, o que se não for feito com muito cuidado oferece grande risco à biodiversidade e às pessoas”, afirma Leide Takahashi, gerente de Projetos Ambientais da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. As queimadas acidentais também configuram um grave problema e são causadas por faíscas de fogueiras, bitucas de cigarro ou até mesmo vidros e latas de bebida, dispensadas nas margens das rodovias, que servem de “combustível” para o avanço rápido do fogo já formado.
Para lutar contra o fogo, os gestores das Unidades de Conservação – que são áreas legalmente protegidas destinadas à proteção da natureza – investem em parcerias, oferecendo treinamentos de capacitação para funcionários e para a comunidade. É o caso da operação Cerrado Vivo 2017, lançada pelo Corpo de Bombeiros de Goiás, que, além de combater as queimadas, tem como objetivo promover ações preventivas e educativas junto à população.
Somando esforços
Com mais de oito mil hectares, a Reserva Natural Serra do Tombador, em Cavalcante (GO), é uma das Unidades de Conservação do Cerrado que recebeu em 2017 a capacitação em combate a incêndios florestais, ministrada pelo Corpo de Bombeiros de Goiás.
“Em 2011, a Reserva teve cerca de 60% de sua área tomada pelo fogo por conta de um grande incêndio, o que nos fez intensificar os esforços de combate e prevenção ao fogo”, reforça Leide Takahashi. Algumas das iniciativas foram o reforço da brigada de incêndio, a retirada de vegetação rasteira em linhas para evitar a passagem do fogo durante um incêndio – conhecidos como aceiros – e a instalação de caixas d’água em diversos pontos estratégicos da Reserva.
A equipe da Reserva também elabora anualmente um zoneamento das áreas de alto risco de incêndio, mapeamento que orienta todas as ações de prevenção e auxilia no planejamento de combate em campo. “Essas ações têm colaborado para que as áreas queimadas não ultrapassem cerca de 20% da área total, nos últimos cinco anos”, destaca Leide.