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Dezenove soluções inovadoras para desafios do oceano receberão R$ 3,7 milhões em apoio financeiro.
A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e a Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná vão destinar R$ 3,7 milhões em apoio financeiro para 19 soluções inovadoras para desafios do oceano e regiões costeiras do Brasil. Os projetos foram os principais destaques do Camp Oceano, um processo que estimulou a cocriação de projetos a partir de capacitações, mentorias e suporte técnico. As propostas escolhidas serão executadas a partir de 2022, ao longo de 12 a 36 meses.
“Estamos muito satisfeitos com o resultado desse processo. Contamos com a participação de muita gente criativa, bem preparada e comprometida com a sustentabilidade do oceano. Chegamos a propostas capazes de gerar impactos positivos e duradouros para a conservação de nossas áreas costeiras e marinhas”, comemora a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes.
As iniciativas apoiadas respondem a pelo menos um dos três desafios apresentados pelo Camp Oceano: fomentar o turismo responsável, conservando a biodiversidade; reduzir a poluição no oceano e incidentes ambientais; e mitigar os efeitos da crise climática nas cidades costeiras. O Camp recebeu 138 propostas de solução envolvendo cerca de 900 participantes, com uma maioria de mulheres (54%). “Temos observado um crescente protagonismo feminino em projetos de conservação e não foi diferente no Camp Oceano”, frisa Malu.
Entre as propostas selecionadas estão iniciativas relacionadas ao turismo de observação da fauna marinha, inclusive com opções de visitas virtuais; remoção de plástico do mar, gerando renda para pescadores e comunidades tradicionais; e plataforma para demonstrar o potencial dos manguezais no sequestro de gases do efeito estufa e seus benefícios para as comunidades da costa brasileira. Outras soluções fazem uso de diferentes tecnologias e até de inteligência artificial para aprimorar a gestão e apoiar na tomada de decisão pelo poder público. Também há o desenvolvimento de um programa para integrar a comunidade local na resolução do problema de degradação dos recifes de coral e o envolvimento de comunidades costeiras na redução da poluição marinha por meio do cultivo de algas marinhas.
Outros exemplos de soluções inovadoras apoiadas são a criação de protocolos para a reprodução em cativeiro, repovoamento e estímulo ao turismo de observação de uma espécie de peixe ameaçada de extinção e o uso de cabelo humano para minimizar o impacto de incidentes ambientais em ambientes aquáticos. As propostas selecionadas são direcionadas para 11 estados brasileiros das regiões Sul, Sudeste e Nordeste e algumas delas têm potencial para serem aplicadas em toda a costa brasileira. “Além de buscarmos ideias inovadoras, procuramos iniciativas replicáveis, com benefícios significativos para a conservação e que também apresentassem viabilidade econômica”, explica a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário.
Sobre o processo
Iniciado em abril deste ano, o Camp Oceano – edição da teia de soluções, promovida pela Fundação Grupo Boticário – teve 138 propostas inscritas. As 40 melhores soluções apresentadas avançaram para um evento on-line de três dias de imersão, capacitações e conexões para aprimorarem suas ideias. Na sequência, 25 soluções seguiram para uma etapa de mentoria e detalhamento para aprofundarem ainda mais suas propostas. Das iniciativas finalistas, 19 foram selecionadas para receber apoio financeiro da Fundação Grupo Boticário e da Fundação Araucária, totalizando mais de R$ 3,7 milhões.
A relação detalhada das 19 soluções contempladas pelo Camp Oceano está disponível para consulta no site www.fundacaogrupoboticario.org.br.
Sobre a teia de soluções
O Camp Oceano é um dos formatos de seleção da teia de soluções da Fundação Grupo Boticário. Lançada em 2020 com dois processos seletivos, a teia estimulou, em suas primeiras edições, o desenvolvimento de propostas voltadas para o turismo responsável em áreas naturais e para a Grande Reserva Mata Atlântica – o maior remanescente do bioma no Brasil. Ao longo dos processos, 43 soluções foram acompanhadas e estruturadas com mentoria e apoio técnico. No final, seis foram selecionadas para receber apoio financeiro e serem impulsionadas.
Conheça as 19 soluções apoiadas:
Caminhos do Mar – Projeto que visa contribuir com a conservação da região da Baía Babitonga (SC) promovendo o turismo embarcado de observação da natureza. O projeto visa gerar as bases técnicas para o desenvolvimento desse turismo e transferir esses produtos para uma rede de colaboradores, incluindo jovens que cursam a escola de técnico em turismo. Os produtos gerados têm grande potencial para serem transformados em políticas públicas.
Como virar Torres para o mar? – A observação presencial e virtual da fauna marinha em Torres (RS) pretende virar essa cidade para o mar, por meio da implementação do turismo de observação embarcado e virtual dos lobos e leões-marinhos, tanto para os turistas no barco quanto aqueles que estão em casa.
Nós da Ação – Primeira solução colaborativa no país que integra a política de pagamento por serviços ambientais, o monitoramento do lixo no mar, gera alternativa de renda para a comunidade pesqueira e contribui para um oceano limpo e sustentável.
Igaú – Organização que ajuda as comunidades costeiras a reduzirem a poluição marinha pelo cultivo de algas que gera matérias-primas renováveis de interesse técnico-econômico e socioambiental, utilizando a capacidade do veleiro ECO e a experiência dos seus profissionais associados.
Coalizão pelos Corais – Programa de turismo científico para integrar a comunidade local na resolução do problema da degradação recifal e da demanda por novos passeios. O projeto busca implementar um programa de restauração recifal, dividido em 4 programas de manejo: transplantação de corais; mapeamento e monitoramento; recuperação de colônias enfermas; e experiências educacionais.
Coral eu cuido – Modelo de gestão integrada e participativa para ajudar pessoas e empresários de turismo náutico na preservação dos recifes costeiros da Paraíba, utilizando tecnologia interativa digital e campanhas de sensibilização ambiental, para promover um turismo responsável e sustentável, com ênfase no monitoramento da saúde do ecossistema e engajamento permanente dos usuários em medidas de conservação.
Orla sem Lixo – Desenvolvimento de um modelo de geração de trabalho e renda, inserindo as comunidades de pescadores na cadeia produtiva do lixo flutuante.
Plataforma Carbono Azul – Plataforma para auxiliar a gestão pública, entidades privadas e sociedade civil a conhecer as potencialidades do manguezal para o sequestro de gases de efeito estufa, o carbono azul. Fomentar ações de conservação a partir do conhecimento sobre os meios de captação de recursos econômicos do mercado de carbono. Pretendemos desenvolver a 1ª plataforma do Brasil a reunir informação sobre o Carbono Azul e seus benefícios para as comunidades.
Fomentando o Ecoturismo na APA Costa dos Corais – Promover o turismo participativo no monitoramento dos recifes de corais da maior unidade de conservação costeiro marinha do Brasil. O processo inclui treinar turistas e capacitá-los para capturar dados durante passeios de snorkel. Uma equipe de pesquisadores fará expedições trimestrais a fim de comparar e validar os dados coletados pelos turistas.
C-Squeeze – Ferramenta de mapeamento para ajudar a compreender, avaliar e resolver o processo de Coastal Squeeze a partir da detecção automática da diminuição de áreas de mangues, utilizando dados históricos de expansão urbana e subida do nível do mar.
Costurando Redes de Impacto – Primeira iniciativa a gerar renda em comunidades caiçaras com a venda de produtos feitos de redes de pesca descartadas e comercializados online, o que proporciona a valorização de saberes locais, da cultura oceânica e sustenta um modelo de negócio socioambiental que mitiga o impacto de redes fantasmas.
Mergulhando com o Mero – Desenvolver tecnologia para produção do peixe mero em cativeiro, criar protocolos para o manejo das formas jovens, mapeamentos das áreas com aptidão para soltura, repovoamento e estímulo ao turismo de observação de megafauna, fornecendo treinamento para comunidades tradicionais, fomentando a cultura oceânica, possibilitando o turismo de observação do mero e fortalecendo as comunidades do entorno.
Polímera – Desenvolvimento de um modelo de geração de trabalho e renda com as comunidades de pescadores na cadeia. É um projeto de tecnologia socioambiental para reduzir a poluição do mar por plásticos que utiliza um equipamento portátil e de baixo custo para a reciclagem e agregação de valor ao resíduo, baseando-se na economia circular e solidária para mobilizar a sociedade, retornar renda para as comunidades locais e conservar a sociobiodiversidade.do lixo flutuante.
Fiotrar – Projeto de inovação e desenvolvimento de produtos sustentáveis, com uso de cabelo. Voltado para contenção de acidentes ambientais envolvendo derramamento de óleo e rejeitos minerais no ambiente aquático, além de tratamento alternativo e economicamente favorável para efluentes industriais.
Data Symbion – Sistema de Environmental Intelligence para ajudar tomadas de decisão baseadas em dados ambientais. Com um dashboard interativo, permitirá acesso aos usuários de informações públicas ou privadas, com análises robustas e ferramentas de inteligência artificial, proporcionando um meio de compreender os impactos gerados pela emergência climática para mitigar os efeitos para a sociedade e para conservação da natureza.
Botos da Barra – Solução para potencializar o turismo de base comunitária atrelado à conservação da natureza. Por meio de métodos participativos de qualificação e conscientização dos atores, da valorização dos serviços e da paisagem de beleza cênica, a solução pretende ser catalisadora da sustentabilidade de comunidades pesqueiras e litorâneas.
Conhecer para Conservar – Iniciativa para promover o turismo responsável em Icapuí (CE) com intuito de fortalecer o turismo de base comunitária, permitindo o turismo ordenado de observação e experiência através de um Plano de Turismo Participativo. O projeto irá fornecer apoio técnico e legal para os diferentes atores, promovendo o fortalecimento de atividades turísticas para a conservação do peixe-boi-marinho e de aves migratórias, espécies ameaçadas de extinção e seus habitats naturais.
Aves de Noronha – Iniciativa sinérgica que faz com que atividades de turismo passem a fomentar ações de Conservação no Arquipélago de Fernando de Noronha para preservar a maior diversidade de espécies de aves marinhas do Brasil através da movimentação da economia local, ciência, comunicação e engajamento social.
Conhecendo o Oceano no rastro das Tartarugas Marinhas – Conjunto de ações locais para conectar o trade turístico, moradores, turistas e poder público, a fim de diminuir a pressão sobre os recursos naturais advindas do desordenamento do turismo, a partir da disseminação de cultura oceânica por meio de circuitos turísticos educativos e o desenvolvimento de um aplicativo que conecta pessoas e negócios com a conservação do oceano e das tartarugas.