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Pesquisa inédita revela que 91% dos esportistas costeiros do Brasil estão dispostos a agir pela conservação do oceano
Levantamento realizado pela Fundação Grupo Boticário em cooperação com UNESCO e Unifesp – Programa Maré de Ciência mostra que 63,8% dos esportistas entrevistados escolheram suas modalidades pela influência positiva do mar.
Por outro lado, 60% queixam-se dos resíduos sólidos encontrados na praia e na água e 34% relatam que a poluição e a contaminação do mar prejudicam suas atividades.
Estudo “Oceano sem Mistérios: Esporte e saúde à beira-mar” traz ainda dados inéditos sobre inclusão, diversidade e acessibilidade nas práticas esportivas à beira-mar; 39% dizem faltar muito para garantir a inclusão e 8% consideram as praias brasileiras inacessíveis.
Pesquisa inédita conduzida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza – em cooperação com a UNESCO e Unifesp – aponta que esportistas que praticam atividades no mar e em ambientes costeiros têm maior consciência sobre a conservação do oceano em comparação com a média da população brasileira. O estudo “Oceano sem Mistérios: Esporte e saúde à beira-mar” , lançado nesta segunda-feira (24/03), revela que a maioria dos entrevistados (63,8%) reconhece que o contato com o mar e a areia tem influência positiva na escolha do esporte que pratica, sendo a relação com a natureza o principal motivo para que 27% deles se exercitem em regiões costeiras. A prática de esportes no litoral é um catalisador para que 91% estejam motivados a proteger o oceano.
O levantamento, que entrevistou 763 esportistas de sete cidades ao longo da costa brasileira – Salvador (BA), Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), São Luiz (MA), Santos (SP) e Belém (PA) -, traz dados exclusivos sobre a relação entre a prática de esportes e a proteção do meio ambiente, além de mostrar a relação das atividades esportivas à beira-mar com a saúde e o bem-estar. A pesquisa executada pela Bloom Ocean também traz dados inéditos sobre diversidade e inclusão em esportes como vela, remo, surfe, esportes de areia (futebol, vôlei, beach tennis) e natação, além da percepção sobre a acessibilidade de praias brasileiras. Os dados têm margem de erro de 3,54%, com nível de confiança de 95%. Além do processo quantitativo, 40 atletas também foram entrevistados em processo qualitativo.
“A pesquisa mostra como o oceano inspira o bem-estar, a saúde, a interação social, a inclusão e a conexão com a natureza. Por outro lado, revela a preocupação com o aumento da degradação do meio ambiente, percebida pelos atletas profissionais e amadores que praticam esportes à beira-mar”, afirma Omar Rodrigues, gerente sênior de Engajamento, Comunicação e Relações Institucionais da Fundação Grupo Boticário, organização sem fins lucrativos com 35 anos dedicados à conservação da natureza brasileira. “Os dados sugerem que a comunidade esportiva costeira tem um perfil mais pró-ativo e engajado em relação à conservação do oceano, representando um público importante para liderar e influenciar a sociedade como um todo”, completa.
Engajamento pelo oceano
Ao serem questionados sobre a disposição em agir a favor da conservação marinha, 91% dos esportistas colocam-se a postos – 44% como “agentes de mudança”, dedicando-se a ações práticas de conservação, e 47% como “agentes de divulgação”, apoiando a disseminação de informações. Em comparação com a população em geral, confrontando dados de uma pesquisa anterior, “Oceano sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar”, de 2022, o engajamento dos esportistas é maior. A proatividade da população em geral cai para 81%, sendo 23% como “agentes de mudança” e 58% como “agentes de divulgação”.
Ao todo, 39% dos esportistas já participaram de alguma ação de conservação, destes 73% participaram de atividades relacionadas à coleta de lixo nas praias e 4% de iniciativas de conscientização e educação ambiental. “Unir a paixão pelo esporte à conscientização ambiental pode transformar a relação das pessoas com o mar. Atletas engajados podem ser agentes de mudança, influenciando a sociedade como um todo”, afirma Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), presidente do Grupo de Especialistas em Cultura Oceânica da UNESCO e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).
Impactos ambientais
A pesquisa também explorou a qualidade do ambiente e o impacto de eventos climáticos na prática esportiva. Para os entrevistados suas atividades à beira-mar ou na água são comprometidas regularmente por chuvas e tempestades (85%), seguido por resíduos sólidos (60%), temperaturas extremas (58%), contaminação da água do mar (34%) e erosão costeira (30%).
Em relação aos impactos que os esportes têm sobre o ambiente marinho, 86% dos entrevistados acreditam que seus esportes não oferecem impactos negativos ao oceano, enquanto 13% dizem trazer algum impacto e 1% não sabe responder. Entre os impactos que a prática esportiva pode trazer ao ecossistema marinho estão a perturbação de espécies, pisoteamento de solo, poluição, descarte inadequado de resíduos, entre outros.
Saúde e diversidade
Diferentes estudos científicos apontam que o contato regular e a proximidade com o mar melhoram a saúde física e mental. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os ecossistemas aquáticos são essenciais para promover a saúde humana. As entrevistas de “Oceano sem Mistérios: Esporte e saúde à beira-mar” revelaram que 74% dos praticantes de esportes no litoral buscam saúde, relaxamento ou contato com a natureza; 63% relatam melhora no condicionamento físico, qualidade de vida e bem-estar a partir da atividade física. Para 22% dos esportistas, o principal benefício é a melhoria na saúde mental.
Em relação à diversidade e inclusão, a pesquisa identificou que a desigualdade social limita o acesso de pessoas a determinadas modalidades esportivas. A questão financeira é o principal obstáculo para atletas de remo, escalada e vela, por exemplo. Entre todos os esportistas entrevistados, 58,7% ganham entre 1 e 5 salários mínimos, enquanto apenas 15,28% têm rendimento de até um salário, indicando que o esporte ainda é mais acessível para pessoas com maior renda. Outro ponto identificado no estudo é que esportes aquáticos têm predominância masculina entre os praticantes; já no beach tennis, a equidade de gênero é maior. “A vela é predominantemente branca e dominada por homens, apesar das mulheres sempre terem tido seu espaço. Atualmente, a questão de gênero está mais equilibrada, com as modalidades mistas”, pondera uma velejadora profissional do estado do Rio de Janeiro entrevistada no levantamento qualitativo do estudo.
Opinião dividida
Entre os 763 entrevistados no levantamento quantitativo do estudo, apenas uma pessoa com deficiência foi identificada. Dentro desse contexto, 48% dos entrevistados consideram as praias acessíveis, enquanto 47% dizem faltar muito para garantir a inclusão (39%) ou consideram as praias brasileiras inacessíveis (8%).
Os paratletas entrevistados na pesquisa qualitativa destacaram a falta de infraestrutura pública adequada e adaptada como uma das principais barreiras de acesso ao mar para pessoas com limitação motora ou com deficiência. Entre as medidas para ampliar a acessibilidade foram listadas rampas de acesso, esteiras na areia, cadeiras anfíbias e banheiros adaptados. “Para a pessoa cadeirante é pior. Não tem rampa, não tem deck para embarcar e desembarcar. Para uma pessoa sem deficiência, todo lugar é acessível. Para a pessoa em cadeira de rodas, não”, afirma um paratleta profissional do Mato Grosso do Sul.
Oportunidades
O estudo também sugere a tomadores de decisão uma série de medidas para fortalecer o vínculo entre a prática esportiva e a conservação do oceano. Entre as ações sugeridas estão campanhas de sensibilização; programas de educação ambiental voltados a atletas e organizadores de eventos esportivos; inclusão de temas sobre sustentabilidade oceânica nos currículos de cursos de Educação Física; certificações e selos de sustentabilidade para eventos esportivos; garantir a infraestrutura necessária para tornar as praias acessíveis a todos; e envolvimento das comunidades costeiras no planejamento e na implementação de atividades esportivas em ambientes costeiros.
“Com este estudo, esperamos inspirar uma nova visão sobre como as atividades esportivas podem fortalecer a proteção do oceano, estimular políticas públicas, conscientizar o setor privado e enriquecer nossa relação com o mar. Existe um ambiente favorável a uma ação positiva, envolvente e transformadora”, conclui Omar Rodrigues.
SERVIÇO:
Oceano sem Mistérios: Esporte e saúde à beira-mar
Realização: Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
Cooperação: UNESCO, Unifesp e projeto Maré de Ciência
Baixe o estudo “Oceano sem Mistérios: Saúde e bem-estar à beira-mar” aqui
Sobre a Fundação Grupo Boticário
Com 35 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já apoiou cerca de 1.600 iniciativas em todos os biomas no país. Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. Sites: www.fundacaogrupoboticario.org.br | www.grupoboticario.com.br | Redes sociais: @fundacaogrupoboticario
Sobre a Unesco
A Representação da UNESCO no Brasil tem como objetivo apoiar a formulação e implementação de políticas públicas que estejam em consonância com as estratégias
definidas pelos Estados-membros nas Conferências Gerais da UNESCO. A Organização promove essa atuação por meio de projetos de cooperação técnica, realizados em parceria com instâncias governamentais e setores da sociedade civil, sempre que esses projetos contribuam para políticas públicas focadas no desenvolvimento sustentável nas áreas de expertise da UNESCO.
Sobre a UNIFESP
A Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) é uma instituição pública de ensino superior amplamente reconhecida pela excelência acadêmica, pela formação de profissionais altamente qualificados, pela produção de conhecimento e pela promoção do desenvolvimento social. No Campus Baixada Santista, destacam-se cursos voltados para as ciências da Saúde e do Mar, que impulsionam projetos de grande relevância nacional e internacional nessas áreas. Entre eles, destaca-se o Programa Maré de Ciência, que promove a disseminação da cultura oceânica para toda a sociedade, conectando ações locais aos desafios globais propostos pela Agenda 2030 da ONU.
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