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Temor em contrair a doença tem levado pessoas a matar esses animais. Atitude é crime ambiental.
O Brasil está passando por uma epidemia de febre amarela em algumas regiões, mas pesquisadores alertam que macacos não estão entre os transmissores da doença. Desde que o surto começou a se espalhar, foram identificados casos de primatas mortos por pessoas que acreditam que esses animais transmitem o vírus.
De acordo com a Lei 9.605/98, praticar maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres é crime ambiental passível de multa e detenção por período que pode variar de três meses a um ano. Além da questão legal, vale lembrar que os macacos também são vítimas da febre amarela: cerca de 80 bugios já morreram com suspeita da doença no Espírito Santo.
A atual epidemia, que atinge as zonas rurais desse estado e de Minas Gerais, não ameaça apenas os humanos, mas populações inteiras de primatas. O último surto de febre amarela em macacos ocorreu entre 2008 e 2009, no Rio Grande do Sul, e causou a morte de mais de dois mil bugios, infectados pelo vírus ou assassinados por pessoas desinformadas sobre o ciclo da febre amarela.
Thais Leiroz Codenotti, pesquisadora e coordenadora do Convidas – Associação para Conservação da Vida Silvestre, que liderou um projeto sobre o tema na época, com nosso apoio, alerta que o problema tem se repetido neste ano. “Mesmo com os focos de febre amarela sendo em outros estados, já registramos aqui no RS casos de bugios sendo agredidos pela população”, alerta a pesquisadora.
Transmissão
A transmissão da febre amarela pode ocorrer de duas formas: silvestre e urbana. O contágio silvestre ocorre de macacos para mosquitos, normalmente das espécies Haemagogus ou Sabethes, que só vivem na floresta. Os mosquitos, então, transmitem o vírus desses macacos infectados para humanos. “Já a febre amarela urbana, muito mais comum que a silvestre, ocorre quando uma pessoa já infectada pelo vírus é picada pelo Aedes aegypti, que retransmite a doença para outras”, explica Codenotti.